Desde tecnologias mais simples, mas engenhosas, até tratores pilotados à distância. Um dos pontos discutidos na Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins 2023) é facilitação da vida do pequeno e médio agricultor. Equipamentos que podem ajudar a precisão do trabalho no campo e poupar a saúde do trabalhador rural, estão sendo apresentados durante o evento.
A Agrotins 2023 começou na terça-feira (16) e segue até até o próximo sábado (20). A expectativa do evento é receber cerca de 200 mil pessoas nos cinco dias e movimentar R$ 2 bilhões em negócios.
Uma das tecnologias apresentada pela empresa Livefarm na feira é um equipamento que automatiza tratores e permite que eles sejam operados a distância. Samuel Valente, engenheiro agrônomo explica que mesmo operado à distância, o trator tem uma grande precisão.
“A precisão da tração do trator equipado com com nosso piloto automático é de 2,5 cm. Além de que com o percurso programado do equipamento o trator pode sempre andar pelo mesmo lugar, evitando destruição de plantas”, explicou.
Samuel ainda ressaltou que essa tecnologia não tira o trabalho do operador, mas o facilita. “O trator ainda precisa de alguém para caso o terreno tenha algum obstáculo. Se o operador segurar mais de 10 segundos o volante à distância, o equipamento dá o controle total a ele.”
Apesar de ser bastante tecnológico, o equipamento pode se adaptar a qualquer trator normal, sendo encaixado no lugar do volante do veículo. “O equipamento é compatível com praticamente todos os modelos de tratores, inclusive tratores antigos. Realizamos um teste em um Massey 275 de mais de 30 anos e rodou perfeitamente”, afirmou Samuel.
Outro produto da empresa que está à disposição na Agrotins é a plantadeira semiautomática. O equipamento substitui a matraca, que não tem precisão, e é mais desconfortável no plantio. Com essa inovação, também pode ser evitado o uso desnecessário de tratores em propriedade pequenas.
O engenheiro explicou ainda que para um pequeno produtor que não possui trator próprio, o aluguel em média é de R$ 250 por hora. Para plantar um hectare leva cerca de duas horas. Com a matraca, esse mesmo espaço levaria cerca de três dias. Já com a plantadeira, esse tempo reduz para um e com precisão certa de distribuição de adubos e sementes. “Melhorias para o bolso, o tempo e saúde do homem do campo”, disse o engenheiro.
Tecnologias sustentáveis
Além de pensar no custo do trabalho, outras tecnologias levam em conta o barateamento da vida no campo. O biodigestor sertanejo é um equipamento apresentado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) que tem a intenção de transformar fezes de animais em biogás, que pode ser usado como gás de cozinha. Cerca de quatro metros cúbicos produzidos é equivalente a quatro botijões de gás por mês. O dejeto ainda produz biofertilizantes.
Reginaldo Rocha, servidor da Seagro, explicou que fezes de qualquer animal do campo podem ser usadas. “É basicamente dejetos e água o que precisa, depois é só colocar no equipamento dentro da câmara de fermentação. Com trinta dias vai ser gerado o gás” explica Reginaldo.
Além do gás, o biofertilizante também é produzido e pode ser usado para adubar a terra ou como pesticida. “Basta misturar com água e borrifar nas plantas, e vai espantar pragas na lavoura” afirmou o servidor. O equipamento pode produzir cerca de três mil litros de fertilizantes por mês.
Segundo Reginaldo, o governo estuda formas de linhas de créditos para financiar instalações do biodigestor em propriedades no Tocantins, e também pretende doar algumas unidades.