A tarde desta sexta-feira (23) foi marcada pela apresentação de diversas sugestões para que órgãos públicos ligados à Segurança possam agir com ações voltadas à redução nos índices de homicídio em Palmas e em todo o estado. Entre as propostas estão o estudo para aquisição de tecnologias, criação de um centro de comando para integrar todas as forças. Também foram repassadas atualizações sobre o esperado concurso da Polícia Civil.
A audiência pública aconteceu no Ministério Público e contou com representantes da Polícia Militar (PM), Polícia Civil e Poder Judiciário, mediada por promotores que integram o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp).
A ideia da audiência é coletar sugestões e críticas que embasem possíveis encaminhamentos, recomendações e se for necessário, ações que visem reduzir crimes violentos que terminam com homicídios. Em Palmas, pelo menos 88 pessoas foram assassinadas neste ano, um aumento de mais de 200% com relação aos primeiros seis meses do ano passado.
O entendimento geral, compartilhado pelos integrantes da mesa, é de que é preciso ter uma integração maior, tanto na atuação como no compartilhamento de informações de todas as forças, no sentido de esclarecer os crimes que já aconteceram. Além disso, também foi citada a necessidade de políticas públicas voltadas à população, para evitar que passem a fazer parte de grupos criminosos por falta de opção. Cada um dos participantes deu contribuições sobre o tema.
Nos apontamentos feitos no encontro, o comanda-geral da PM coronel Márcio Barbosa destacou que a maioria das mortes estão ligadas ao tráfico de drogas e brigas por territórios para venda de entorpecentes.
Ele propôs, como sugestão para zerar o número de assassinatos, aumentar as bases policiais nas regiões de maior conflito, que é principalmente nos bairros do sul da capital. Também citou que é preciso reforçar os equipamentos da Delegacia de Narcóticos, de responsabilidade da Polícia Civil.
O coronel ainda citou que a PM estuda a possibilidade de adquirir tecnologia israelense que faz leitura da face para apresentar com maior rapidez as características de pessoas abordadas em ações policiais.
“Penso que a função de cada força está muito bem delineada e cada um está empregando todo seu esforço. No meu ponto de vista, o que se precisa fazer agora é o fortalecimento do trabalho de inteligência e há de se distinguir o trabalho do serviço de investigação. A sugestão que eu dou é que a gente faça um trabalho integrado do Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública, que através do fornecimento de imagens das câmeras, porque aí sim nós teremos o trabalho efetivo para combater a criminalidade”, disse o coronel na audiência.
O secretário de Segurança Pública do estado, Wlademir Costa Mota Oliveira, apresentou números sobre os homicídios da região sul e destacou que o estado receberá R$ 2,5 milhões em equipamentos do Ministério da Justiça para ajudar na segurança de todo o estado.
“Está sendo instalado o centro de comando do Tocantins, que estará aberto a todas as forças de segurança para que a gente possa, de um ponto focal, ter a distribuição das demandas […] Isso é um processo que estamos trabalhando desde o ano passado e acredito que no segundo semestre teremos um espaço próprio para que as forças possam se integrar”, explicou Wlademir Costa.
O secretário ainda atualizou a atual situação do concurso público para a Polícia Civil, promessa da gestão. “O concurso da Polícia Civil está em andamento, já vencemos algumas etapas, está no grupo gestor e estou, inclusive em mãos com o ofício para despachar com o governador para acelerar ao processo para diversos cargos dentro da Polícia Civil. Já está no grupo gestou e vou despachar com o governador essa questão hoje ainda”, disse.
Representando o Judiciário, o juiz Gleidson José Dias Nunes pontuou que a demanda de crimes dolosos é grande e que a Justiça trabalha para que nenhuma fique sem resposta, e destacou a importância deste tipo de encontro.
Além das autoridades, promotores também se manifestaram sobre a preocupação com o aumento dos crimes violentos e pontuaram demandas relacionados ao tema que estão sendo apuradas também no MP.
Participaram ainda da audiência pública o secretário municipal de Segurança e Mobilidade Urbana (Sesmu), Agostinho Araújo Rodrigues, o deputado estadual Júnior Geo (Pros) e o presidente da Câmara Municipal de Palmas, vereador José Lago Folha Filho (PSDB).
Integrantes da sociedade civil também se manifestaram, deram sugestões sobre o tema e como principal pedido está a realização de nova audiência, desta vez na região sul, para dar voz às pessoas que moram na região que registrou maior número de mortes neste ano.